Apesar de filmes, no blogging - quero mais é ficar bebão e cair rs.
Além de mim, esses dois fazem aniversário hoje:
De repente, um ménage à trois soa como um ótemo presente de aniversário!
...críticas, atrissexualidade, oscar, bobagens e enrolações cinemáticas.
Favor ler isso antes.
Na Real [Get Real, Inglaterra, 1998] tem uma premissa parecida com a de Delicada Atração: o protagonista gay [aqui Steven, interpretado docemente por Ben Silverstone], bolinado pelos colegas brutamontes, se apaixona pelo jogador de futebol popular [John Dixon, o tremendamente sexy Brad Gorton], que acaba correspondendo. O que diferencia os dois é o fato de Na Real ter um suposto tom mais sério, por ser um drama com pitadas de comédia [providas por Linda (Charlotte Brittain) a amiga gordinha de Steven]. Ou seja, a fórmula se faz presente.
Ciente de sua sexualidade desde os onze anos, Steven recorre ao banheiros públicos de sua pequena cidade, na esperança de conhecer o amor de sua vida. É irônico que ele recorra a tais lugares para tal objetivo, mas também o filme torna compreensível: Steven é um adolescente e junto com os hormônios há a vontade de experienciar o amor. É num desses banheiros que ele e John Dixon se esbarram, tornando-se confidentes de seus conflitos e, posteriormente, namorados.
Todo o filme a partir daí é completamente previsível, cheio de clichês do gênero, como as escapadas, o momento de paraíso e paz do casal, os pais desconfiados. Desta forma, Na Real torna-se um filme assistível apenas por sua temática causar curiosidade, não por ela acrescentar algo na discussão do tema, ou na vida de quem assiste.
O desapontante é que o roteiro de Patrick Wilde é baseado em sua peça "What's Wrong With Angry?", de 1992. A peça foi escrita em referência à lei da Idade de Consentimento - simplificando: a idade em que uma pessoa é legalmente permitida a fazer sexo; a idade mínima para homossexuais era cinco anos menor que a para heterossexuais e, na peça de Wilde, era importante que Steven, por ter 16 anos, estivesse desobedecendo à lei, enquanto os colegas que o perturbavam não. Tais teores políticos se perderam no filme, o que, no fim das contas, virou apenas o drama-romântico que é.
[Soundtrack: Fall to Pieces - Avril Lavigne]
Jules e Jim, Uma Mulher Para Dois [**** - um milhão, se houvesse tal classificação]
Direção: François Truffaut
Com: Jeanne Moreau, Oskar Werner, Henri Serre
É quase um trabalho árduo escrever sobre Jules e Jim [Jules et Jim, França, 1962]. É um filme tão vivo, que suas várias nuances dificultam cruelmente os esforços daquele que tentar resumi-los em comentários de resenha; tanto que o filme é considerado uma obra-prima, não só da filmografia de Truffaut, como da história do Cinema. Portanto, não tentarei fazer crítica de um filme tão profundo como este: vou simplesmente comentar o que passa por minha mente agora.
A história dos amigos Jules e Jim [Werner e Serre, respectivamente] com a impulsiva Catherine [Moreau] é, como o próprio filme diz num certo momento: a [re]invenção do amor. Catherine é maior que a vida! Talvez uma das maiores personagens femininas do Cinema [eu diria até da ficção], ela possui uma energia tão vibrante que repele e atrai qualquer pessoa, especialmente os homens. Jules e Jim eram dois boêmios como todos os outros de Paris, até a conhecerem e se envolverem em sua maravilhosa teia.
A quintessência do chamado Espírito Live, ela tem plena noção das várias camadas do amor, e seu desejo maior é conhecê-las, mesmo que isso implique deixar para trás o agora e correr de braços abertos para o minuto seguinte. Contudo, isso nunca é mostrado como um sinal de inconstância ou imaturidade dela. A alma dela é dessa forma, ela é a mudança, a experimentação - a liberdade. Nunca se pode jugá-la por seu passado e, assim sendo, ela também é envolta em mistério, sendo isso, talvez, o motivo da atração que ela impele às pessoas: a liberdade, por ser desejada e buscada por todos, é repleta de mistério. Catherine era assim, perdão pelo clichê, irresistível.
Na cena em que Catherine canta o tema do filme, Le Tourbillon, que indiretamente descreve sua personalidade, Jeanne Moreau é repleta por uma simplicidade que, no fim das contas, remete a como na vida, e principalmente no amor, nossa vontade inquietante de adaptarmos tudo aos nossos padrões, nos atrapalha em ver como as coisas estão bem ali à nossa frente, esperando que nos entreguemos e as aceitemos como são. Independentes e livres.
[Soundtrack: Le Tourbillon - Jeanne Moreau]
"Garoto Gay em conflito [geralmente pela descoberta] +
Garoto [aparentemente] Hétero +
Coadjuvantes Engraçados e Carismáticos =
Comédia Romântica Teen e Gay"
Yorish: Digo que a civilização é uma ilusão, um jogo de fingimento. A realidade é o fato de que somos animais, estimulados por instintos primários. Como uma psiquiatra, você deve saber isso como verdade.
Carol: Para ser honesta, embaixador, quando uma pessoa me fala da verdade, o que ouço é que ela me fala mais dela própria, do que do mundo em geral.
[...] Yorish: Talvez isso seja verdade, talvez ser russo neste país seja visto como uma patologia. Então o que você me diz, pode me ajudar? Pode me dar uma pílula, para me fazer ver o mundo como os americanos o vêem? Pode me ajudar a entender Iraque, ou Dafur, ou até New Orleans?[...] Tudo que digo é que nossa civilização desmorona sempre que precisamos dela. Em determinada situação, todos somos capazes dos mais terríveis crimes. Imaginar um mundo em que isso não acontecesse, onde cada crise resultasse em novas atrocidades, onde todos os jornais não estivessem cheios de guerra e violência. Bem, isso é imaginar um mundo onde seres humanos deixassem de ser humanos.
Blowup - Depois Daquele Beijo [Blowup, 1966, Inglaterra/Itália]
Quando contei que vi Blowup pela primeira vez, um amigo disse que "este deveria ser o primeiro [Michelangelo] Antonioni de todo mundo." Apesar de realmente ter sido meu primeiro e, portanto, fico impossibilitado de explicar a fundo a colocação do meu amigo, não é muito difícil entender porquê. Estrelando um tremendamente sexy David Hemmings e a incrível Vanessa Redgrave, Blowup é um filme difícil de generalizar. Com uma trama que parece inspirada em "Janela Indiscreta" de Hitchcock, o filme em si está mais para "A Doce Vida", de Frederico Fellini, devido sua retratação de uma era. Blowup mostra a cultura vibrante e sensual da Londres sessentista, com seus artistas de rua e modelos magérrimas e intoxicadas. O filme foi indicado aos Oscars de direção e roteiro original e possui uma fotografia magnífica.
Este é um filme que requer outras sessões; tanto no meu DVD, como neste blogo.
Nota: ****
Gritos E Sussurros [Viskningar Och Rop, Suécia, 1972]
Escolhi este filme para meu primeiro Ingmar Bergman. Tal escolha provém do fato de ele ter sido imitado, em 1978, por Woody Allen em seu sensacional drama "Interiores". Na Suécia da virada do século [XIX para o XX], uma mulher à beira da morte recebe a visita das duas irmãs e, na casa de suas infâncias, juntas com a empregada de tantos anos, iniciarão uma instigante jornada coletiva interior [se é que isso é possível], na qual segredos e mágoas do passados virão à tona impiedosamente.
É um filme denso, que apesar do tom silencioso e quase lento, não te deixa desviar a atenção; obviamente se você é interessado em dramas psicológicos. A produção de arte é impecável, tendo o vermelho como cor-chave, o que é interessante, pois desperta no espectador a mesma paixão que passa pelas personagens. Com um elenco impecável [Ingrid Thulin e Liv Ullman são de tirar o fôlego!], Gritos e Sussurros tem cenas fortes e memoráveis, e um desfecho de girar sua cabeça em 360º. Porém um aviso: apesar de o Cinema ser para todos, não perca seu tempo com Bergman se você não gosta de densidade.
Nota: ****
"Não sei se ajudo ao dizer isso... alguns homens nesse mundo nasceram para fazer nossos trabalhos desagradáveis... seu pai é um deles."
"Look, you were being an unbelievable dick. I was walking out on you. I was cold, I took your fucking jacket. So, if you're go on one of your psycho, obsessive, controlling rants about a fucking jacket, then fucking take it 'cause I'd rather fucking freeze than fucking hear about it one more time!"
E como procuro ser discípulo dos melhores imitadores da Cultura Pop mantenho e reinvento minha própria linguagem nesse blog, que apesar de ter um nome muitíssimo positivo, falará de filmes ruins e bons, mantendo assim a premissa de seu padrinho não-declarado.
Acho que por enquanto that's all folks!
PS: Pra quem ainda não sabe o que é celulóide.
[Soundtrack: 8 Easy Steps - Alanis Morissette]