
Quando eu era adolescente eu preferia finais trágicos regados a sangue, suor e lágrimas; eu me sentia de alma lavada e pronto para a próxima rasteira da vida. Daí a adolescência passou e, apesar de ainda gostar desse tipo de catarse, eu prefiro os finais felizes. Teve até um filme que vi há um ano que me ajudou a certificar isso, que prefiro a esperança ao fim de todas as coisas. Em outras palavras, pode-se dizer que sou um "romântico irremediável".
Mas, contra a maré da razão, finais felizes não me deixam exatamente felizes; e aí você pode me chamar de drama-queen, porque se o filme for um bom [leia-se "bem feito"] e velho Romance, aí pode ter certeza absoluta que eu fico na fossa.
Hoje revi um dos meus filmes favoritos da vida inteira: Orgulho e Preconceito [Pride & Prejudice, Reino Unido, 2005]. O primeiro longa destaque de Joe Wright não é amado por mim simplesmente porque é um romance de encher o coração, mas especialmente porque ele manteve a essência da maravilhosa obra de Jane Austen, que vai além da saga comum das casamenteiras do século XVIII, já que sua protagonista pode ser considerada uma percussora do feminismo.

A Elizabeth Bennet de Keira tem a mesma jovialidade e energia da Lizzie de Austen; claro que ambas são a mesma personagem, mas, assim como o filme de Wright transferiu com beleza a qualidade narrativa do romance clássico, Keira Knightley retratou a Elizabeth Bennet repleta da dubiedade cativante com a qual Austen nos deu: ao mesmo tempo que Lizzie trata o amor com grande sarcasmo e distância, é a coisa que ela mais deseja sentir de verdade. Isso soa simples em premissa, mas Knightley arrasa quando mantém sutil essa diferença entre o que Elizabeth sente e o que o orgulho dela a deixa mostrar. São olhares e sorrisos vívidos, mas nunca jogados ao léu e super-usados, sendo aí que deita a sutileza e beleza de sua atuação.
E é por Lizzie ter esse charme inusitado que você acompanha e torce por ela. E ao fim do filme, quando tudo é normalizado e se reinstala a paz, Lucas olha para si mesmo e vê que nem o caos começou ainda.
[Soundtrack: A Postcard To Henry Purcell - Dario Marianelli]
Um comentário:
Preciso assistir ambos. Esses dois nomes, nada a ver... deu um pontinho pra baixo no trabalho do diretor (culpa da adaptação de títulos para 'cá').
Lucas + keira... ahhhhhhhh
=D~
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