QuickFucks: [Rapidinhas.] Mini-resenhas procrastinatórias com intenções redentoras ao blogueiro enrolado.
Voando Alto [A View From The Top, EUA, 2002]
Lembro que quando o filme estava em pós-produção, li uma nota numa revista que dizia que tudo ia tão mal para "Voando Alto" que a protagonista, Gwyneth Paltrow, chamava o filme de a view from my ass [uma visão da minha bunda]. Apesar de achar que a fina Miss Paltrow seria incapaz de tal indelicadeza, eu a compreenderia se isso fosse fato. Ela faz uma white trash que decide ser alguém após ler a auto-biografia de uma comissária de bordo/guru-de-loiras-sem-propósito-na-vida [Candice Bergen]. A única coisa que parece funcionar no filme é a trilha sonora que é repleta de sucessos mil-novecentos-oitentistas e depois de cada piada forçada e sem graça, não se entende nem porque Bruno Barreto [auteur do premiado - e ótimo - O Que É Isso, Companheiro?] se dispôs a fazer isso. Felizmente qualquer câmera parece adorar Paltrow e Christina Applegate, que estão adoráveis apesar da merda de filme.
O suspense alemão de Olivier Hirschbiegel é tudo que sua aventura hollywoodiana deveria ser: claustrofóbico, envolvente e instigante. Baseado no "experimento de emprisionamento de Stanford", o filme mostra até onde vai a humanidade no adverso ambiente de aprisionamento, acompanhando um grupo de voluntários na dita experiência. É interessante que não se sabe se a experiência é de alguma universidade ou governamental; e aos poucos o clima vai se tornando tão tenso que é impossível não se sentir como um dos participantes da experiência. Com ótimas performances, e um roteiro que aumenta o desconforto com imagens do mundo exterior, questiona muito bem o que seria o ser humano capaz quando munido de poder.
Frances McDormand e William H. Macy estrelam e co-estrelam, respectivamente, essa genial comédia dos irmãos Coen [Joel na direção e dividindo o texto com Ethan] que, como diz o subtítulo brasileiro, é repleta de erros tão absurdos e adoráveis que é impossível não rolar de rir. McDormand é a detetive Marge, encarregada de investigar a morte de um policial rodoviário e duas pessoas numa estrada logo após Brainerd. Ela acaba na cola do babaca Jerry Lundegaard [Macy] que contratou os excêntricos, metódicos e violentos Peter Stormare e Steve Buscemi para sequestrarem sua esposa, para que assim possa extorquir dinheiro do sogro rico. Confuso? Óbvio! E com certeza só poderia dar na sequência de desastres que o adorável filme dos Coen se torna. O fato de Marge ser uma criatura bem desengonçada e grávida de sete meses torna tudo ainda mais engraçado e, apesar de todo o elenco estar brilhante, o filme pertence tanto a McDormand, que você tem saudades de Marge sempre que ela está fora de cena.
Continuando a claustrofobia cinematográfica, tive a oportunidade de assistir um dos mais incríveis exemplares do cinema nacional. Nessa fita escrita e dirigida por Arnaldo Jabor que nunca deveria ter parado de fazer cinema para falar asnerias na Globo Fernanda Torres e Tales Pan Chacon representam um casal separado que se reencontra depois de três meses e se prende numa casa que mais parece uma linda galeria para então tentar resolver suas querelas pessoais.
Estranho o texto sem pontuação, né? Mas é bem assim que o filme de Jabor te deixa, sem fôlego com algumas das mais memoráveis disputas retóricas da história do Cinema. Torres e Pan Chacon estão perfeitos [ela, porém, robando a cena muitas vezes] e, apesar da teatralidade do roteiro, a direção cirurgica de Jabor penetra até o osso das mentes das personagens.
Foi indicado à Palma de Ouro de Cannes e Torres levou o prêmio de melhor atriz.
Nota: ****
O Assassinato De Jesse James Pelo Covarde Robert Ford [The Assassination Of Jesse James by the Coward Robert Ford, EUA/Canadá, 2007]
O Assassinato De Jesse James Pelo Covarde Robert Ford [The Assassination Of Jesse James by the Coward Robert Ford, EUA/Canadá, 2007]
Eu costumo dizer que qualquer filme que extraia uma performance convincente de Brad Pitt merece ser louvado. "O Assassinato", porém, tira uma performance maravilhosa de Pitt, deixando-me de queixo caído a cada cena do galã como o legendário pistoleiro do título. Mas este não é o único mérito do filme de Andrew Dominik. Um filme que tem praticamente toda sua trama no título, teria que possuir algo a mais a mostrar, e "O Assassinato" tem, de sobra, algo que faz qualquer filme assistível: humanismo. O roteiro despe de toda a fama e lenda as clássicas figuras de James [Pitt] e Ford [Casey Affleck], mostrando-nos dois seres humanos com todas as suas magnitudes e falhas, sem nunca serem julgados por seus atos dentro do filme.
Affleck recebeu uma indicação roubada ao Oscar por seu desempenho; roubada porque o estúdio fez campanha para que ele fosse indicado a coadjuvante [e foi], sendo que ele é, na verdade, protagonista. Mas sacanagens de estúdio aparte, "O Assassinato" é um filme maravilhoso, com um elenco maravilhoso, que deve ser assistido sem pestanajar.
Nesta linda dramédia de Wolfgang Becker, Daniel Brühl estrela como um jovem alemão que mora na Alemanha oriental. Após a queda do muro de Berlim, ele dedica-se a manter a ilusão da mãe que entrou em coma dias antes do início da dissolução da União Soviética. Absolutamente tudo nesse "filme de crescimento" é válido e bonito: desde as atuações à adorável mensagem de tolerância e amor. Kathrin Sass é simplesmente perfeita como a mãe Christiane, enquanto Brühl é a personificação do filho pródigo que nunca teve a oportunidade de sair. Destaque para Maria Simon, como a filha mais nova de Christiane, Ariane.
Nota: ***
4 comentários:
eu já ia avisar: "miog, caralho! vc não revisa os seus textos??? ahahahahahahahhahahahahaha
muito boa a coisa da pontuação!! ótima sacada!"
bjo!
que porra, esqueci de fechar as aspas...
A Experiência! Quem indicou,QUEM?
=D
Ótimo filme, simples e objetivo.
Eu vi também 'Eu sei que vou te amar' há milênios! Jisuis! Mas odeio o Jabor... ao menos como crítico. Com certeza ela deveria ter continuado a fazer cinema.
E claro, 'Adeus Lênin' (o maior mentiroso do mundo) é sublime e muito, muito bom.
Assista 'Lugar Nenhum na África'!
haha, vi o comentário ali e pensei: realmente, cuidado com a coisa 'descontrol' miog! Escrever é uma arte, mas ser entedido através da escrita é outra maior!
=)
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